Monday, October 14, 2013
O QUE SE TEM...QUANDO SE TEM PALAVRAS?
Um momento de solidão solitária.
Nesse pedaço mínimo de tela branca o que acontece é o que eu tenho.
Todo o resto, é o que eu sou.
Sou um + todos quando estou fora daqui.
Em nenhum outro lugar posso ser eu sozinho...como nessa cadeira, agora.
Aprendi a viver furtando um pouquinho de cada coisa que me aconteceu para ser eu.
Mas esse que por aí se vê não sou eu.
Eu sou o daqui, sentado, sozinho...vendo que as palavras, quando marcadas na tela, fazem por mim o que ninguém - nem eu - posso.
As palavras falam o que toda personalidade encoberta.
São tantos 'homens do mundo' que só me sinto realmente a vontade aqui, sozinho e solitário.
Minha solidão - sem qualquer outro - é o que me dá harmonia...liberdade...uma vida que acontece.
Nesse canto de página de uma máquina qualquer eu vivo a minha vida.
Meus pequenos rastros estão espalhados numa montanha de pessoas para quem eu já dei 'bom dia'.
São essas pessoas que pensam poder falar quem eu sou.
Delas sai o meu destino.
Elas me encontram e 'se afirmam' que me conhecem.
Ouço meu nome quando elas me chamam.
Atendo, afinal vou as ruas como me chamam.
Respondo e digo coisas.
São fragmentos que no final do dia cumprem o papel de me trazer de volta.
Em algum momento posso me calar.
No isolamento, consigo encontrar comigo e dizer: seja bem vindo, mesmo que por apenas um pequeno tempo.
As vezes, nesse tempo, eu posso sentar e olhar para mim no papel branco da tela.
É revelador o que podemos descobrir apenas olhando letras marcando uma tela branca de um blog.
Um blog.
Antes era uma máquina de escrever e um enorme desejo de sentar e abraçar o papel.
Batia nas teclas e ficava esperando ouvir o som cavando uma marca no papel.
Dormia e acordava numa mesma noite...e voltava.
Quando podia tocar o papel e respirar minhas palavras, eu me sentia em paz.
Era uma paz cansada e serena.
O intervalo de uma respiração...depois do sexo.
Um luxo.
Nesse pequeno momento eu tinha um enorme intervalo da vida que levava meu nome.
Nesse pequeno intervalo, era só eu o que havia no papel.
A ilusão desse momento é ainda hoje doce.
Uma lembrança que me visita numa noite qualquer quando estou sozinho e solitário.
É uma paz cansada e serena.
Um aluguel de tempo, que vivo mais feliz do que qualquer outro...sem nenhum sentido do meu nome.
Nesse canto de papel eu posso dizer: prazer em conhecê-lo!!!
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