Já era tarde, como de costume.
Quase mais tarde que 'as altas horas da
madrugada'.
Sentado em minha poltrona improvisada -
parte desmonte de oficina, parte licitação de aeroporto - vejo entrar no 'novo setting' do Serginho uma chamada para ‘entrevista exclusiva com pixadores’.
Aquilo, de pronto, me soou
traiçoeiro...como se tivesse sendo intimado a visitar Bangu 1.
Nas pilhas de processos do meu inconsciente julgador,
pixador é uma categoria 'Premium'.
Com o desconforto em tempo real, calei.
Sem saber, havia parado de respirar!
Serginho no meio...pixadores a volta.
O porta voz do grupo - com aquele jeitão perturbador
de quem 'sabe que está certo' - é um profissional sindicalizado.
Em poucos minutos, percebi que naquela
madrugada eu seria vítima de um momento eterno.
Na tela da TV aberta, bem aberta, os sons
de vozes obscuras davam vida ao 'gueto perdido de uma sociedade sem alma'.
Tá na cara: o pixador profissional, com a
filosofia da marginalidade pela destruição, é o incêndio.
Combustível é o modelo!
Atordoado; petrificado; estarrecido;
incomodado; perplexo; desiludido; entristecido; e sem n(a)oção, fui até o fim.
COMO ESSE MODELO EXISTE?
QUEM SÃO AQUELAS 'GAROTINHAS'?
O QUE NUTRE TANTO ÓDIO?
A entrevista chega ao fim.
Nenhum aplauso.
Serginho dá voz ao vocalista da banda
convidada.
Visivelmente indignado, ele vomita: IDIOTAS! SÃO UNS
IDIOTAS!
O auditório aplaude.
O auditório aplaude.
O auditório aplaude.
FIM...
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